Imagine o cenário: seu corpo inundado com fluídos de embalsamento e seu cérebro é sumariamente comprimido em um freezer à medida que a ciência avança no processo de realizar engenharia reversa no cérebro humano para que você alcance, enfim, a imortalidade — nem que seja numa versão digital. Parece simples, rápido e prático, certo? Mas há um porém, e ele é bastante agravante: primeiro seria necessário morrer.
Não está acreditando em nada disso? Bem, os neurocientistas da MIT também não. Na verdade, eles estão achando todo esse plano da startup Nectome de fazer um backup da consciência humana uma grande baboseira, e até mesmo pretendem cortar laços com a startup. O processo ainda deve incluir encerrar um contrato de parceria que a instituição tinha com o professor Edward Boyden da Media Lab, ainda mais depois de a polêmica em questão ter causado certo rebuliço na comunidade neurocientífica.
Um cientista do Instituto Karolinska, localizado na Suécia, disse em entrevista que tudo é tão antiético que não existem nem meios de descrever como. O Media Lab da MIT ainda acrescentou que a ideia é irreal, explicando que “a neurociência não avançou suficientemente ao ponto de sabermos se algum método de preservação do cérebro é poderoso o suficiente para preservar todos os diferentes tipos de biomoléculas relacionadas à memória e à mente”.
Em resposta, a Nectome emitiu uma nota afirmando que só iria adiante com a proposta com o apoio da comunidade científica: “Acreditamos que [nos] apressarmos para aplicar a vitrificação; hoje seria extremamente irresponsável e prejudicaria a eventual adoção de um protocolo validado”. Ainda assim, a startup acumulou uma lista de espera de voluntários que estão mais do que prontos para colocarem seus cérebros em um freezer. O processo custaria cerca de US$ 200 mil por pessoa, mas, agora que o MIT retirou seu apoio ao projeto, o futuro financeiro da Nectome pode estar em jogo.
Apesar das declarações, o Media Lab ainda não pretende descartar completamente a proposta, afirmando que algum dia poderá ser possível simular, “em um computador, circuitos neurais com grande precisão, com base em mapas biomoleculares detalhados o suficiente”.
O conceito da consciência digital, por enquanto, só pode ser vista em prática em obras de ficção científica futuristas. Todavia, na vida real, sugerir a eutanásia de um doente terminal, bombeando seu corpo com fluídos de embalsamento, é motivo de controversas e debates éticos e morais. A ciência ainda não chegou a um patamar em que esteja acima destes segmentos, e, mesmo que seja a favor de avanços tecnológicos em prol da humanidade, a ideia de pedir que os seres humanos desistam de suas vidas para fazerem parte de um experimento deste tipo é, no mínimo, questionável.
Fonte: Futurism